Memória muscular: Uma companheira para toda a vida

Quem nunca ouvia a expressão: “É como andar de bicicleta, a gente nunca esquece”? Muitas pessoas confirmam que esta frase é verdadeira, mas por que será que isso acontece?

Quando crianças aprendemos novos movimentos e habilidades motoras com muita frequência, desde caminhar até atividades mais difíceis como andar de bicicleta, patins ou skate. Quando adultos continuamos a treinar nosso corpo ao aprendermos atividades como dirigir ou tocar algum instrumento musical, por exemplo.

Esta capacidade de aprender a realizar determinada atividade motora através da repetição é chamada de memória muscular.

Aprendendo o movimento

Inicialmente, quando ainda estamos aprendendo uma atividade, o movimento é lento e necessita de muita atenção. Com a prática, a execução da atividade se torna mais fácil e sem esforço consciente. Isso ocorre porque ao realizarmos uma atividade pela primeira vez estamos ensinando o movimento a duas partes do nosso corpo: o cérebro e os músculos.

No cérebro, principalmente no córtex motor, a repetição do exercício fortalece as conexões entre os neurônios que fazem aquele movimento.

No músculo, a realização do movimento ativa o desenvolvimento de mais núcleos celulares, que consequentemente estimulam o surgimento de mais fibras musculares nos músculos que são responsáveis por aquele movimento. Estes núcleos nunca mais sairão da célula muscular, mesmo que aquele músculo seja atrofiado posteriormente.

Com as conexões nervosas fortalecidas e o músculo maior e mais preparado é possível desenvolver bem o movimento.

Relembrando o movimento

O corpo (cérebro e músculo) aprendeu aquele movimento e, mesmo que passemos anos sem realizar a atividade, os núcleos celulares gerados no aprendizado continuam no músculo, por isso se algum dia você voltar a recrutá-los, a fibra muscular voltará a trabalhar e desta vez com muito mais facilidade do que no primeiro aprendizado.

Esta facilidade de voltar a fazer determinada ação é comumente percebida em esportistas que se afastam das sua atividades. Eles notam que voltando a praticá-las, os receptores são reativados e as células registram a informação de que anteriormente já foram estimuladas e assim rapidamente o corpo retorna à resistência anterior ao afastamento.

Doping na memória muscular 

O doping é o consumo de substâncias normalmente utilizadas por atletas de elite que buscam aumentar a força muscular ou outras vantagens musculares. Obviamente, o uso dessas drogas próximo às competições é proibido, mas considerando a teoria da memória muscular as vantagens do uso dessas substâncias podem ser sentidos muito tempo após o seu consumo.

O corpo tem um certo limite de crescimento muscular, ao utilizar a droga este limite é ampliado, a memória muscular é registrada e aquele atleta estará em vantagem eternamente comparado a qualquer outro que nunca tenha utilizado. 

Usufruindo do aprendizado motor no envelhecimento

A ciência tem descoberto que pessoas que praticam atividade física quando jovem, em especial na adolescência, têm menos problemas motores na velhice, mesmo que já não pratiquem estas atividades há anos.

A perda muscular é um maiores complicadores dos problemas trazidos pela idade, em especial porque a construção de músculos nesta fase da vida é muito lenta. Pessoas que já possuem a memória muscular têm mais facilidade para desenvolver a musculatura e menor perda muscular já a quantidade de núcleos aumentados também tornam o músculo mais resistente à atrofia.

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